A louça suja na pia conta quais histórias?

Mais um dia de quarentena. Algumas rotinas estão sendo mantidas, felizmente. Para uma sanidade mental de todos dessa nave louca e maravilhosa que chamo de lar. A louça suja dificilmente mora ali na pia. É um hábito, quase terapêutico, lavar os pratos, copos e garfos logo após as refeições. Enquanto ouço o brincar de meu filho, na sala. Ou quando eu o escuto saboreando uma suculenta fruta de sobremesa. Tudo isso, antes da dose sagrada de café após o almoço.

Não há neuroses se a louça suja por lá ficar. Ora, afinal há tantas histórias ali, que alimentam não só o corpo, mas também a alma. Que revelam costumes, gostos, tradições, hábitos. Que revelam uma comida de afeto, de aconchego. Comida de mãe (e de pai também), e até de um pequeno ‘máster chefe’, que sempre ajuda na cozinha.

Aquelas louças sujas revelam que ali se vive, se alimenta e se nutre de amor, de alegrias, de experiências do cotidiano, onde se permite viver e aprender, um dia de cada vez, a fazer sonhos, planos, invenções, onde se cria sabores: doces, amargos, ácidos, apimentados, salgados, reconfortantes e confortáveis.

São louças que deixam memórias de dias maravilhosos, e outros nem tanto, mas com certeza os pratos, talheres e copos mostram que os dias e as noites nunca deixaram de ser vividos.  

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